Para refletir...

“Não adianta me darem uma peça como Hamlet ou O Rei Lear e me mandarem escrever algo semelhante. Shakespeare era capaz, eu não. Também não adianta me mostrarem uma vida como a de Jesus e me mandarem viver de igual modo. Jesus era capaz, eu não. Porém, se o gênio de Shakespeare pudesse entrar e viver em mim, então eu seria capaz de escrever peças como as dele. E se o Espírito Santo puder entrar e habitar em mim, então eu serei capaz de viver uma vida como a de Jesus". (William Temple)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A essência do Amor

                   

                    Li que uma criança de 8 anos assim definiu amor numa pesquisa: “Quando minha avó pegou artrite, ela não podia se debruçar para pintar as unhas dos dedos do pé. Meu avô, desde então, pinta as unha para ela, mesmo quando ele tem artrite”. Parei mais uma vez para pensar sobre o amor. Tantas coisas já foram escritas, lidas, cantadas e encenadas tendo por base o amor que, às vezes, a gente se perde em meio a tantos significados que o termo incorporou ao longo do tempo. Eu posso dizer que amo batata frita e logo depois afirmar que amo o meu filho! Se buscarmos nos dicionários, então, a coisa só piora... amor pode significar grande afeição, caridade, desejo sexual, atração, grande interesse por algo, ligação afetiva e blá blá blá. Para alguns, amor e paixão são sinônimos. Ora, Gary Chapman, ao analisar as cinco linguagens do amor, expôs brilhantemente a conclusão de pesquisadores de que a experiência da paixão não deveria, de forma alguma, ser chamada de amor! Bem, nem precisava de pesquisa pra saber disso, né? Paixão é uma coisa boa, mas amor é melhor! O autor conclui, então, que nossa necessidade emocional básica não é nos apaixonarmos, mas ser verdadeiramente amado pelo outro; é conhecer o amor que cresce sobre os pilares da razão e da escolha, não do instinto. Esse tipo de amor exige esforço e disciplina. Bem, mas não é só isso. Para muitos outros, sexo também pode ser sinônimo de amor, de “fazer amor”. Assim não dá! Até Rita Lee sabe que “amor é latifúndio e sexo é invasão”. Já piratearam o amor em tantas fragrâncias baratas que poucos conseguem discernir o seu aroma original, sua verdadeira essência. Mas a mim não enganam, pois o meu pai me fez uma flavourista. Ele me treinou para reconhecer o amor.
            Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, faz interessante análise sobre a fragilidade dos laços humanos, chegando à conclusão de que a modernidade em que vivemos traz consigo o amor líquido. Sua tese é de que vivemos, portanto, num mundo líquido, que se opõe a tudo que se pretenda durável, sólido, perene. A definição romântica do amor como “até que a morte nos separe” estaria totalmente fora de moda. Os laços modernos são frouxos, podem ser desfeitos a qualquer momento; os relacionamentos são descartáveis, podem ser trocados quando a conveniência precisar. A sociedade de consumo em que vivemos contribui pra isso. Segundo Bauman, “assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro”. Catherine Jarvie chama isso de “relacionamentos de bolso”.  Uma “relação de bolso” é primordialmente instantânea, disponível, fluida, descartável, líquida. Afirma Bauman que “quando a qualidade o decepciona, você procura a salvação na quantidade. Quando a duração não está disponível, é a rapidez da mudança que pode redimi-lo”. Os compromissos, as juras de fidelidade eterna e o entregar-se de corpo e alma são situações a serem evitadas. Não se pode cair numa armadilha dessas! Meu Deus, triste realidade. Que pena ver o “amor” escorrendo pelos dedos assim...
            Nesse momento pergunto: Qual a resposta cristã para essa sociedade líquida, que mal consegue definir o amor? Ed René Kivitz considera três fatos: a) o amor encontra seu significado, não na posse das coisas prontas, completas e concluídas, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas; b) o amor não é um caminho de satisfação, mas de transformação e realização; e  c) o amor não é um episódio, mas uma caminhada comum. E ele diz mais: “A sociedade anticristã não vive da negação do que é cristão, mas da deturpação. Para deturpar, você priva, exacerba (exagera) ou distorce. O amor líquido é uma falsificação do amor sólido. Isto é, para conspirar contra o amor, o diabo não precisa semear o ódio (a maioria rejeita), basta semear o amor líquido”. Concordo com você, Kivitz: falsificaram o amor! Ainda bem que nem tudo está perdido, pois as pessoas ainda podem se encontrar com o fabricante do amor e aprender a discernir o original, né? É por isso que a todo o momento quero que as pessoas conheçam o meu Pai. Afinal, Deus é amor. Vejamos, então, o que Ele nos ensina a respeito do amor. 
            Em primeiro lugar, amor envolve escolha. É isso mesmo, nós escolhemos amar. Deus escolheu nos amar, escolheu enviar o Seu Filho. E Jesus escolheu fazer a vontade do Pai. Li também que uma criança de 5 anos definiu amor assim: Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem da cruz, mas ele não disse isso. Isso é amor”. Se amar não fosse escolha, seria impossível atender à orientação de Jesus de amar os nossos inimigos. Em segundo lugar, amor envolve doação. Não se trata do quanto eu vou ganhar nessa relação, mas do quanto eu estou disposta a dar. Em João 3:16, o coração da Bíblia,  lemos que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. É possível dar sem amar, mas é impossível amar sem dar. Amor envolve entrega. Em terceiro lugar, o amor não busca seus próprios interesses. Quem casa pensando em ser feliz, não encontrará o amor. Mas quem casa para fazer o outro feliz, já o encontrou. Amor é quando eu ocupo o segundo lugar na minha própria vida. Em quarto lugar, o amor não acaba. Segundo M. Paglia, “amor não se conjuga no passado; ou se ama pra sempre, ou nunca se amou verdadeiramente”. Sei que essa talvez seja a parte mais difícil das pessoas entenderem e aceitarem. Explico o quero dizer com “o amor não acaba”. Quem encontra verdadeiramente o amor, jamais estará disposto a negociá-lo. A Bíblia diz em Cânticos 8:7 que “as muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam”. Segundo especialistas, a paixão dura aproximadamente dois anos, o desejo sexual pode ou não durar grande parte da vida. A questão é que você não escolhe apaixonar-se, mas você pode escolher amar. O verdadeiro amor, o amor sólido, não acaba porque também é incondicional. “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Coríntios 13:7). Não existe o “se”. O verdadeiro amor é indestrutível! O diamante e o grafeno perdem com folga pra ele. Em quinto lugar, o amor é o que dá sentido à vida. Em 1 Coríntios 13:2 nós lemos que  “ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria”. Em sexto lugar, o amor é sofredor, é benigno. Em sétimo, o amor não é invejoso, o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Em oitavo, o amor não se irrita, não suspeita mal. Em nono, o amor não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Em décimo lugar, o amor nunca falha.
            Poderia continuar fazendo um longo passeio pela Bíblia para mostrar o que o meu Pai fala do amor. Mas, sabe de uma coisa? Não vai adiantar. Saber sobre o amor não vai mudar ninguém. A essa altura alguém pode estar pensando: “isso tudo é tão bonito quanto irreal”. Vou parar por aqui antes que me mandem plantar batatas. Acho que o melhor é te fazer um convite, caro leitor: que tal conhecermos o meu Pai? Fique tranquilo, pois Ele não vai ficar falando, falando, tentando usar de argumentos para você acreditar no amor. No dia em que você O conhecer, você vai entender que Ele é Amor. Você vai se tornar flavourista e vai reconhecer de longe essas falsificações baratas que andam fazendo por aí. O que você me diz? Vem comigo ou vai preferir crer que o AMOR pode ser uma florzinha roxa que nasce no coração do trouxa?

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