Para refletir...

“Não adianta me darem uma peça como Hamlet ou O Rei Lear e me mandarem escrever algo semelhante. Shakespeare era capaz, eu não. Também não adianta me mostrarem uma vida como a de Jesus e me mandarem viver de igual modo. Jesus era capaz, eu não. Porém, se o gênio de Shakespeare pudesse entrar e viver em mim, então eu seria capaz de escrever peças como as dele. E se o Espírito Santo puder entrar e habitar em mim, então eu serei capaz de viver uma vida como a de Jesus". (William Temple)

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A maionese, as pessoas e o meu abridor de latas

Hoje fui fazer uma maionese. Não faço se não tiver milho. Se tiver milho e ervilha, melhor. Abri o armário e procurei as latinhas. Como encontrei, resolvi arregaçar as mangas. Cozinhei a cenoura, a batata. Abri a gaveta e peguei o abridor de latas. Foi aí que o meu desespero começou.

O meu abridor é daqueles antigos, cinza, meio enferrujado e cego de tanto usar. Fiz a maior força e nada de conseguir dar o primeiro passo. Tenta daqui, tenta dali e nada. Se a batata e a cenoura já não estivessem cozidas, eu tinha desistido da maionese. Estava com os dedos doendo. Lembrei que há muitos anos minha avó se cortou feio com a faca. Então pensei: acho que vou acabar me cortando feio com esse abridor. Eu já estava ficando realmente irritada com aquilo e comecei a pensar: Por que ainda se fazem abridores de lata? Por que ainda se fabricam latas que precisam de abridor? Por que todas as latas já não são como as latinhas de refrigerantes, com aquelas tampinhas fáceis de abrir? Ou, melhor ainda: num mundo de tanta tecnologia, por que as latas não são feitas com um simples botão para abri-las? Tudo está tão evoluído e eu estou aqui me acabando com esse abridor de latas arcaico, do tempo da pedra lascada! Foi aí que parei. Peguei uma faca, um socador e furei a lata. O ar comprimido saiu e então eu pude facilmente usar meu abridor de latas. Passada a experiência com a maionese, pensei nas pessoas.

Existem aquelas pessoas que estão sempre melhorando, se aperfeiçoando e com isso se tornam também pessoas bem fáceis de se conviver. São práticas e você não precisa de muito esforço para gostar delas e se dar bem com elas. Elas se tratam, perdoam, não guardam mágoas, estão sempre dispostas a aprender. Crescem e se aperfeiçoam a cada dia. São como as latinhas fechadas a vapor ou como aquelas tampinhas fáceis de abrir.

Ah, mas existem pessoas que são como o meu abridor de latas. Pessoas que se recusam a evoluir, a crescer. Ficam na largada enquanto todos já estão chegando ao final da corrida. Estão cheias de marcas, enferrujadas, cegas. São pessoas difíceis de se conviver e muitas vezes nos perguntamos por que ficaram desse jeito. Talvez tenham sido usadas demais. Talvez tenham vivido num tempo ou numa casa que desconhecia facilidades. Se tornaram, portanto, extremamente rígidas. E nós reclamamos de pessoas assim. Não gostamos que elas estejam conosco. Às vezes achamos que são dispensáveis.

O fato é que, fáceis ou difíceis, simples ou arcaicas, novas ou enferrujadas, não podemos desistir das pessoas! A verdade é que todos nós precisamos e dependemos uns dos outros nesse mundo tão diversificado quanto uma boa maionese!

Deus abençoe a todos.

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